segunda-feira, março 31, 2008

"Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos fragmentos de futuro em que a alegria é servida como sacramento, para que as crianças aprendam que o mundo pode ser diferente. Que a escola, ela mesma, seja um fragmento do futuro..." Rubem Alves

Educar de forma inovadora demanda uma postura aberta e engajada do educador. Perde-se o sentido das cadeiras enfileiradas, do saber como exclusividade de quem ensina e da utilização de recursos tradicionais de ensinar. A criança e sua energia criadora por natureza é um ser relacional, mas, aos poucos a escola vai retirando dela essa capacidade e levando-a ser individualista. A competitividade interpenetra em sua ação. Mas, o que precisamos atualmente, são seres humanos integrados e vivendo em comunidades responsáveis. Aprender a descobrir valores em suas atitudes, refleti-los em suas ligações sociais e conviver empaticamente é uma forma de modificar uma situação constante de abandono dos sonhos. Abandono porque não é possível sonhar de maneira individualista. Precisamos da colaboração e compromisso entre os pares para concretização de nossas expectativas. Este é um valor essencial da comunidade humana. As crianças devem ser aptas a conviver umas com as outras, sentir as diferenças, questionar e reconstruir suas identidades a partir da partilha. A família não pode mais estar omitida da escola, deve ser participativa. A educação não acontece de modo unilateral ou ambiguo. Somos todos responsáveis por ela! Temos na seguinte passagem uma excelente reflexão:

Fazemos um chamado a favor de um reconhecimento renovado dos valores humanos que tem sido corroído pela cultura moderna: harmonia, paz, cooperação, comunidade, honestidade, justiça, igualdade, compaixão, compreensão e amor. O ser humano é mais complexo que suas funções de produtor e cidadão. Se uma nação, por meio de suas escolas, de suas políticas de bem estar infantil e de seu desejo (vontade) de competição, não consegue sustentar o conhecimento de si mesmo, da saúde emocional e dos valores democráticos, em último termo seu êxito econômico está minado pelo colapso moral da sociedade. Com efeito, isto está ocorrendo, a julgar pela epidemia de drogas e dos problemas urgentes de delinqüência, alcoolismo, abuso de crianças, corrupção política e de empresas, aleijamento e suicídio de adolescentes e violência nas escolas. Teremos de criar seres humanos saudáveis, se queremos ter uma sociedade e uma economia sã. É verdade que o sistema econômico requer que haja força de trabalho bem preparada e de confiança. A melhor maneira de conseguir uma força de trabalho assim, é tratando os jovens em primeiro lugar como seres humanos e em segundo lugar como futuros produtores. Sá as pessoas que vivem de forma completa, sã e com sentido de ser realmente produtivas. Fazemos um chamado a favor de um equilíbrio melhor entre as necessidades da vida econômica e aqueles ideais humano que transcendem o econômico e que são necessários para uma atuação responsável. (Global ALLIANCE FOR TRANSFORMING EDUCATION, 1991)