sábado, setembro 05, 2009

Espiritualidade


"Quero fazer os poemas das coisas materiais,
pois imagino que esses hão de ser
os poemas mais espirituais.
E farei os poemas do meu corpo
E do que há de mortal.
Pois acredito que eles me trarão
Os poemas da alma e da imortalidade."
E à raça humana eu digo:
-Não seja curiosa a respeito de Deus,
pois eu sou curioso sobre todas as coisas
e não sou curioso a respeito de Deus.
Não há palavra capaz de dizer
Quanto eu me sinto em paz
Perante Deus e a morte.
Escuto e vejo Deus em todos os objetos,
Embora de Deus mesmo eu não entenda
Nem um pouquinho...
Ora, quem acha que um milagre alguma coisa demais?
Por mim, de nada sei que não sejam milagres...
Cada momento de luz ou de treva
É para mim um milagre,
Milagre cada polegada cúbica de espaço,
Cada metro quadrado de superfície
Da terra está cheio de milagres
E cada pedaço do seu interior
Está apinhado de milagres.
O mar é para mim um milagre sem fim:
Os peixes nadando, as pedras,
O movimento das ondas,
Os navios que vão com homens dentro
- existirão milagres mais estranhos?" (Walt Whitmann)

Raízes


Já havia publicado este texto, mas, por seu significado resolvi postar novamente. Boa leitura!!!

Sto lat, sto lat,
Niech żyje, żyje nam.
Sto lat, sto lat,
Niech żyje, żyje nam,
Jeszcze raz, jeszcze raz, niech żyje, żyje nam,
Niech żyje nam!

Essa letra descrita acima é uma tradicional canção polonesa que equivale também a canção de Feliz Aniversário que cantamos. É, na verdade, um música de felicitação a quem chega e significa grande respeito a essa pessoa. Essa canção esta em minhas raízes, pois, muito pequena aprendi na casa de meus avós maternos a cantá-la. Não sabia ler ou escrever mas, letra e melodia ficaram em meu arquivo afetivo. Por que falar disso? Porque penso na importância de nossas raízes, saber quem nos nomeou. As palavras são mágicas! Elas nos mostram caminhos ou os fecham... Meus avós, especialmente meu avô, mostrou-me a força e honra talhadas em seu semblante. A avó, o respeito e a doçura do afeto nessa canção da qual nunca esqueci. O que me faz pensar em nossa imensa capacidade de formar lindas pessoas com sons celestiais de boas vindas! Cantar melodias como essa que ouvi na infância e em ocasiões especiais ainda o faço é uma forma singela de dizer SEJAM BEM VINDOS! ESTOU HONRADO EM RECEBÊ-LOS!

sexta-feira, setembro 04, 2009

Aracy Guimaraes Rosa


Nasci em Rio Negro no dia da independencia do Brasil. Conta meu pai que, ao me visitar na maternidade, os ipês estavam florescidos em seu amarelo-ouro mais radiante. Na frente da maternidade na qual minha mãe estava, existe uma pracinha muito graciosa toda ladeada por ipês. Meu pai poeticamente, prestou atenção neste detalhe, quantos deixariam passar em branco. Então ao retornar para cá, comecei a reparar nos ipês e na floração em setembro, realmente, beleza radiante. Vida em plenitude. Assim também, passei a reparar em outros detalhes da cidade, inclusive em suas personalidades e descobri que, a Sra. Guimarães Rosa, nasceu aqui e como descreve o texto foi responsável por garantir muitas vidas prosseguirem em sua plenitude;
Dona Aracy, como é chamada, salvou judeus na Alemanha nazista, enfrentou as leis anti-semitas do Estado Novo, e ainda escondeu perseguidos políticos durante a ditadura militar brasileira. Enfrentou, portanto, nada menos do que três regimes autoritários, conhecidos por sua violência inclemente. Em Hamburgo, no final da década de 30, como funcionária do consulado brasileiro, ajudou refugiados judeus a saírem da Alemanha, conseguindo vistos para centenas de pessoas, apesar da lei que proibia a entrada de imigrantes judeus no Brasil. Por isso, ganhou homenagens nos Museus do Holocausto de Jerusalém e de Washington e é conhecida pela comunidade judaica de São Paulo como o “Anjo de Hamburgo”.
Aracy tinha certamente algo de Hannah Arendt, a extraordinária filósofa judia alemã, autora de Origens do totalitarismo e A condição humana, e que fez da própria vida um ato de luta contra o totalitarismo. Praticava aquilo que os alemães chamam de "amizade combatente": atuava a favor do amigo, sem esperar que este lhe pedisse ajuda.
Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única mulher citada no Museu do Holocausto de Jerusalém como um dos 18 diplomatas (ou funcionários diplomáticos) que ajudaram a salvar vidas de judeus. É também o único nome de uma funcionária consular, e não de embaixador ou cônsul, o que só aumenta a dimensão do risco que correu: afinal, ela enfrentou o nazismo sem gozar das imunidades garantidas aos outros diplomatas homenageados, todos de escalões mais altos.

(fonte http://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=207)
Dona Aracy tem origem alemã, como muitos aqui nesta cidade, que mais parece um pedacinho de Europa. Mas, acredito que a origem dela e de todas as mulheres que marcaram seu nome na história tem a expressão suprema do Amor em seu espírito. Portanto, amam a vida e a preservam acima de qualquer coisa.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Acreditar


Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.
A Hora da Estrela - Clarice Lispector


Tenho passado por uma longa e dolorosa poda desde o ano de 2005. Não me lamento nada vivido, não é isto. Ao contrário, agradeço profundamente os amigos que fiz e os mantenho de modo tão especial em meus sentimentos. Lembro-me com saudades de tantas coisas... Sinto ainda as dores de certas despedidas. Mas, assim como me foi dito por um querido e doce amigo... caminhante, não há caminho... Pois, é, meu doce amigo Carlos, o caminho só se faz caminhando. Estar aqui hoje neste momento representa muito para mim, todas as dores, todas as alegrias... Parece que o encontro com esta nova experiência de uma gestação me trouxe uma certa compreensão de que posso ser melhor. Aprendi que ser o que sou custou muito a outras pessoas também, meus antepassados, meus pais, a fraternidade feninina de uma casa repleta de irmãs. Todos são tão bons em sua essencia, todos são belos e puros. Ninguém é menor, ninguém é dispensável. Tudo é um mistério amoroso que envolveu-me, dando-me por alguns momentos grandes lições e supremas felicidades. Acredito em anjos, vou sempre acreditar! Acredito no amor.

terça-feira, setembro 01, 2009

Amor de mãe


O amor de mãe é o combustível que capacita um ser humano comum a fazer o impossível.

Marion C. Garretty

Hoje acordei com beija-flor na janela, pensativa que estava em meu futuro e nas respostas que teria que dar a vida daqui para frente... Somos pequenos diante destas infinitas perguntas que se abrem quando passamos a ser responsáveis por outrém. Mas, as forças aparecem sutis no início desta jornada. Uma fera contida e arredia. Contudo, o coração é grande e aberto para quem quer acolhimento. O fruto é a razão da árvore e portanto sua maior alegria está na doação do amor. O amor de mãe é divino e está atomizado dentro da minha condição feminina. Hoje me julgo um pouco melhor, mesmo que infimamente, diante de Deus e de minha mãe... de minha avó... Que o amor seja minha luz nesta jornada.

domingo, agosto 30, 2009

Uma mudança de nome.


As mudanças são assim, um sopro de intuição. Mas, um sopro vindo de dentro e não de fora como algo muito acalantado em nosso ser e percebido a medida que silenciamos ou mesmo simplesmente aceitamos aquilo que verdadeiramente somos. Afinal somos de natureza mutável e evoluímos ao aceitarmos uma etapa, como bons aprendentes, podemos então ascender a um novo ciclo. Quem sabe um espécie de morte, desapego. Para renascer na primavera já dizia Cecília deverão acontecer cortes. Mudei o título do blog. Era RECANTO. Eu cantando novamente em uma versão .com. Bem, então, nesta hora da madrugada, sem sono nenhum... A velha insonia de sempre... Pensei, fazendo um ajuste aqui e ali nas cores... Mudei para RE ENCANTO-ME. Isto mesmo. Quero que saibam os leitores, inscritos corajosos ou anonimos presentes, que eu Cristiane Maria França, RE ENCANTEI-ME pelo mundo e estou aqui re-CANTANDO, re-VERSANDO ou re-apostando que minhas palavras fazem sentindo e podem também RE-ENCANTAR pessoas. Trazer vida, trazer a mesma força re-energizadora que devolveu a leveza aos meus olhos, desbloqueou meus pulmões, desentupiu minhas artérias e rebatizou minha fonte renovando meus propósitos. Reencantar-se é perdoar a si, aos outros, as pedras do caminho... Construir os castelos com estas mesmas pedras que nos fizeram tropeçar (parafraseando Pessoa). Ter chances de ser feliz e querer ser feliz, mas, não esta felicidade burra que se compra na revista de moda. A felicidade de ser único e poder fazer suas escolhas. Amanhecer um dia e lá pelas tantas no entardecer perceber que a alma voltou a ficar leve feito a mão de uma criança.