sexta-feira, setembro 16, 2011


Meu amigo JC que fez o prefácio de meu segundo livro (talvez será publicado neste ano... adiamentos...) disse que o poema que mais ama é Bailarina de Flamenco. Fui reler este escrito e perguntei sobre a emoção em escrevê-lo... Ela está lá, pulsante em mim, a Bailarina, ela está lá. Sabem; a maternidade nos mostra um lado muito forte, no qual renunciar a si é ordem! Não é uma renúncia amarga, é amor e liberta. Porém, a mulher desejante entra em eclipse, é inevitável. Hoje na segunda gravidez, agora de uma menina, ela "a Bailarina" saltou-me novamente. Ser nãe de uma menina, gerar esta menina, ahhh, isto é uma forma profunda de se desvendar! Filha amada, VEM DANÇAR COMIGO!

Aqui o poema de Cristiane França Turnes...

Bailarina de flamenco



Já viu uma cigana girar?

Da saia vermelha intensa,

Que faz latejar o coração de quem a observa,

Surgem risos, lágrimas, alegria, dor, prazer e medo.

Já viu uma cigana girar?

Dos pés batendo forte na terra,

Que espantam o mal,

Aflora o amor.

Já viu uma cigana girar?

Ela sorri para o mundo quando gira,

Nas mãos as palmas aplaudem e convidam,

Quer que baile com ela!

Vá! Permita-se entrar neste universo.

Não tema, ela é quem faz arder a fogueira que

Ilumina a noite aquecendo a todos a quem

convida a girar.


Amo-te tanto meu amor... Não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.





Amo-te afim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.





Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.





E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.





Vinícius de Moraes