terça-feira, novembro 17, 2009

O mito do amor romântico


Estou desenvolvendo um trabalhho de escuta e orientação para mulheres em um programa do Estado e Município sobre a Saúde da Mulher. A questão dos relacionamentos entre casais sempre está presente como tema nestes momentos com minhas pacientes. O amor e a idealização entre homem e mulher são situações geradoras de stress e doenças emocionais. Isto vale para os dois lados. Em 1990, minha entrada na faculdade de Psicologia, ouvimos uma palestra sobre o tema feminino. O professor, um psicanalista, concluiu com a frase famosa de Freud "O que quer uma mulher?" Parecia que a culpa dos buracos nas relações eram sempre reportados ás mulheres e sua fatalística histeria. Acreditei nisto na época. Me defini tão histéria e vítima dos "buracos" maternos tanto quanto todas as mulheres. Hoje, penso que não é bem assim... O feminino está em tudo, isto eu sei. As mães estão aí gerando e educando seus filhos homens e mulheres conforme seus próprios preconceitos. Sei também que os homens perpetuam "seus buracos" maternos. Uma rodovia sem manutenção e fácil de causar acidentes é o que resulta esta buraqueira! Um caos. Vejo homens que casam e, assim mesmo, acreditam poder manter relacionamentos extras conjugais. Sexo é sexo, amor é amor. As novelas, uma apologia à mentiras deslavadas sobre mulheres heroínas e homens protetores. Somos humanos, "demasiadamente humanos". Cheios de ilusões e crenças inadequadas, claro, alguns valores bacanas, certo senso de ética. Mas, o negro do mundo não é a mulher, nem tão pouco o homem. É sim, o humano. Forte sou aqui neste momento, noutro despenco. Feliz somos juntos, de repende surge uma pedra no caminho. Perdão? Dia dessses aconselhei um senhora muito elegante, nos seus cinquenta e poucos anos, que seria melhor mesmo o perdão para uma traição que ocorrreu em seu casamento. Dei uma de mulherzinha? Acredito que não. Vejam, foram 37 anos de casamento feliz, filhos criados, muita luta, construção de patrimonio, netos... Putz!! Banhos de banheira com sais aromáticos e tudo... Bah, o marido traiu, escorregou feio. Foi dar um de macho alfa aos sessenta, mulher nova e um pouco de pornografia. Escorregou. Perdoar não é para qualquer um não! A alegria e a tristeza fazem parte do juramento. Disse sabiamente esta senhora.


- sabe Cris, deixá-lo teria mais justificativa por outros motivos. Quantas vezes me senti só e frágil e achei que o casamento não era viável, fiquei. Suportei fragililidades muito maiores dele quando estavmos batalhando nosso pão e dos nosssos filhos. Fomos amigos e sobrevivemos amorosamente a isto!


Penso, também, se a história fosse inversa. O marido perdoaria esta mulher maravilha? Onde está a validade disto se fosse o oposto? Não estou falando de uma mulher mal amada, mal intelectualmente ou financeiramente. Estou falando de uma mulher bonita, plena nos seus cinquenta anos e capaz de tocar sua vida sozinha, se assim o fosse.


Eu já fui traída em outras relações, não foi bom e não foi fácil suportar a traição. Eu já me vi desprotegida pelo homem que amo, também não foi fácil... Mas, a força do amor nos faz aceitar falhas, perdoar e tocar em frente. E aos homens? Eles sabem lá o que é isto, ou, se escondem em seu mundo masculino, ausente de sensibilidades... Amores exclusivos de suas mamães... Devemos pensar bem como educar pessoas para que em seus relacionamentos futuros possam realmente ter a felicidade do encontro e não serem apenas dois seres em colisão constante.


Amar é possível se olharmos um para o outro sem as máscaras.

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