sábado, novembro 21, 2009

Arthur Bispo do Rosário


Em uma ocasião de minha vida precisei de muita força para seguir em frente. Em um momento de reflexão fui sem muito esperar passear no MOM aqui em Curitiba. Minha surpresa ao me deparar com uma exposição do artista e "alienado" Arthur Bispo do Rosário. Sabem, era um destes momentos divisores de águas para mim. Eu iria encontrar mares bravios lá adiante, medo e angústias me cobriam a alma em um manto escurecido por tintas cinzentas. Neste contato com a profunda sabedoria da loucura de Bispo do Rosário, encontrei o menino que se dizia Jesus e bordava magnificamente em ponto corrente seu deslumbrante manto de menino-Deus. Homem que se protegeu da outra loucura e guardou nos muros de um hospício a sensibilidade de criança que aprendeu bordar vendo a mãe. Bordados todos para o mundo sagrado, para as procissões do menino Jesus e seu manto protetor azul-céu. Minha sensibilidade estava em risco e minha alma, naquela época, também. Percebi ali, com o alienista que a loucura é refúgio para pessoas muito sensíveis, que sentem profundo amor e ligação com a vida. A delicadeza do bordado e a ordem de seus pensamentos me deram a certeza de que não era correto chamá-lo de louco. Loucura estava do lado de fora para aquele grupo de malucos beleza expondo ali. Loucura de gente que dirige sem limites, que anda armada, que grita e bate nos filhos imputando suas frustações, seus medos e depressão, loucura de gente que trai seus princípios e vende o que lhe é mais precioso por tão pouco. Loucura está neste mundo que cobre a face e aprisiona o corpo de mulheres, que mata pacifistas e manda bater em mulheres que escrevem Cuba é uma prisão. Estou cada vez mais certa que a loucura é apenas refúgio da alma, que está quase morrendo de tanto implorar por amor.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Brasil cresceria mais se jovens concluíssem o Ensino Médio



“O Brasil deixa de crescer 0,5 ponto percentual por ano, porque um grande contingente de jovens não conclui o Ensino Médio. Em 40 anos deixaremos de ganhar R$ 300 bilhões (16% do PIB). O governo tem que investir pesado nessa fase escolar”. A afirmação é da doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) Wanda Engels. Durante o seminário “Juventude Urbana: Inquietações e Perspectiva”, realizado no Centro Ruth Cardoso, na última terça-feira (17/11), em São Paulo (SP), a doutora debateu a situação do Ensino Médio a partir de dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que analisa a situação dos jovens brasileiros.


Os números mostram que de 2004 a 2006 mais de 3 milhões de alunostinham se matriculado na 1ª série do Ensino Médio, porém apenas 1.858.615 chegaram ao final da etapa escolar. Dos concluintes, apenas 1.311.533 ingressaram nos cursos no Ensino Superior. Os motivos da desistência são diversos, porém o mais apontado é a falta de interesse. “Atualmente temos fora da escola 17,9% na faixa dos 15 a 19 anos e 68,3% na faixa que vai dos 18 a 24 anos. Para completar, o maior índice de mortalidade é dos 20 aos 24 anos”, advertiu a doutora.
O trabalho para o jovem - De acordo com a socióloga Helena Abramo, o desemprego é um dos pontos mais angustiantes para os jovens, pois o trabalho é considerado essencial para se ter uma vida confortável. Além disso, a


experiência é considerada pelo mercado como aspecto mais importante do que a escolaridade. Helena chegou a essa conclusão após uma análise feita a partir de uma pesquisa realizada pelo Ibope no país inteiro, que sinalizou que 41,6% dos jovens tinham essa opinião. Na questão da desistência por parte dos alunos de frequentar as salas de aula, a pesquisa do Ibope trouxe um importante dado: nem todo jovem sai da escola para trabalhar e manter a família. “Muitos jovens preferem trabalhar a estudar porque vivem em uma sociedade de consumo e necessitam obter bens materiais. É uma geração extremamente conectada e que exige uma demanda forte por cultura e informação. É uma faixa que cada vez mais é desestimulada a estudar não somente pela família ou pela comunidade, mas pela sociedade em si”, afirmou Helena.
 
Rafael Carneiro da Cunha

terça-feira, novembro 17, 2009

Sugestão de filme do blog da Rosely Sayão


Recomendo um Curta-Metragem,  "A Invenção da Infância", da diretora Liliana Sulzbach, que permite  reflexão sobre a questão do trabalho infantil. O link para assistir é: http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=672

O mito do amor romântico


Estou desenvolvendo um trabalhho de escuta e orientação para mulheres em um programa do Estado e Município sobre a Saúde da Mulher. A questão dos relacionamentos entre casais sempre está presente como tema nestes momentos com minhas pacientes. O amor e a idealização entre homem e mulher são situações geradoras de stress e doenças emocionais. Isto vale para os dois lados. Em 1990, minha entrada na faculdade de Psicologia, ouvimos uma palestra sobre o tema feminino. O professor, um psicanalista, concluiu com a frase famosa de Freud "O que quer uma mulher?" Parecia que a culpa dos buracos nas relações eram sempre reportados ás mulheres e sua fatalística histeria. Acreditei nisto na época. Me defini tão histéria e vítima dos "buracos" maternos tanto quanto todas as mulheres. Hoje, penso que não é bem assim... O feminino está em tudo, isto eu sei. As mães estão aí gerando e educando seus filhos homens e mulheres conforme seus próprios preconceitos. Sei também que os homens perpetuam "seus buracos" maternos. Uma rodovia sem manutenção e fácil de causar acidentes é o que resulta esta buraqueira! Um caos. Vejo homens que casam e, assim mesmo, acreditam poder manter relacionamentos extras conjugais. Sexo é sexo, amor é amor. As novelas, uma apologia à mentiras deslavadas sobre mulheres heroínas e homens protetores. Somos humanos, "demasiadamente humanos". Cheios de ilusões e crenças inadequadas, claro, alguns valores bacanas, certo senso de ética. Mas, o negro do mundo não é a mulher, nem tão pouco o homem. É sim, o humano. Forte sou aqui neste momento, noutro despenco. Feliz somos juntos, de repende surge uma pedra no caminho. Perdão? Dia dessses aconselhei um senhora muito elegante, nos seus cinquenta e poucos anos, que seria melhor mesmo o perdão para uma traição que ocorrreu em seu casamento. Dei uma de mulherzinha? Acredito que não. Vejam, foram 37 anos de casamento feliz, filhos criados, muita luta, construção de patrimonio, netos... Putz!! Banhos de banheira com sais aromáticos e tudo... Bah, o marido traiu, escorregou feio. Foi dar um de macho alfa aos sessenta, mulher nova e um pouco de pornografia. Escorregou. Perdoar não é para qualquer um não! A alegria e a tristeza fazem parte do juramento. Disse sabiamente esta senhora.


- sabe Cris, deixá-lo teria mais justificativa por outros motivos. Quantas vezes me senti só e frágil e achei que o casamento não era viável, fiquei. Suportei fragililidades muito maiores dele quando estavmos batalhando nosso pão e dos nosssos filhos. Fomos amigos e sobrevivemos amorosamente a isto!


Penso, também, se a história fosse inversa. O marido perdoaria esta mulher maravilha? Onde está a validade disto se fosse o oposto? Não estou falando de uma mulher mal amada, mal intelectualmente ou financeiramente. Estou falando de uma mulher bonita, plena nos seus cinquenta anos e capaz de tocar sua vida sozinha, se assim o fosse.


Eu já fui traída em outras relações, não foi bom e não foi fácil suportar a traição. Eu já me vi desprotegida pelo homem que amo, também não foi fácil... Mas, a força do amor nos faz aceitar falhas, perdoar e tocar em frente. E aos homens? Eles sabem lá o que é isto, ou, se escondem em seu mundo masculino, ausente de sensibilidades... Amores exclusivos de suas mamães... Devemos pensar bem como educar pessoas para que em seus relacionamentos futuros possam realmente ter a felicidade do encontro e não serem apenas dois seres em colisão constante.


Amar é possível se olharmos um para o outro sem as máscaras.