sábado, fevereiro 02, 2008

Paradigma emergente

Thomas Kuhn é o primeiro a falar em seu livro “Estruturas das revoluções científicas” sobre paradigmas. Após, em 1987 Boaventura Santos falou sobre paradigma emergente, em 2000 Edgar Morin e Capra falam sobre paradigmas da complexidade.

Antes é preciso esclarecer o conceito de paradigma que estamos utilizando. Primeiramente remetamos-nos a Kuhn, filósofo e historiador da ciência, introdutor de modificações importantes na maneira de compreender a ciência. Para ele paradigma significa “a constelação de crenças, valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade científica”. (1994, p 225) Paradigma refere-se a modelo, padrões compartilhados que permitem a explicação de certos aspectos da realidade. È mais que uma teoria, implica uma estrutura que gera novas teorias. É algo que estaria no início das teorias. (MORAES, 1998, p 31)

O paradigma inovador emergente tem enfoque no pensamento complexo, na visão de globalidade e holística, no processo sistêmico em redes interconectadas. Traz a necessidade de novas aprendizagens para o século XXI: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, e aprender a ser. Existe a busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

O novo paradigma pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que concebe o mundo com um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas. Pode também ser denominada visão ecológica, se o termo “ecológica” for empregado num sentido muito mais amplo e mais profundo que o usual. A percepção ecológica profunda reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos, e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última análise, somos dependentes desses processos). (CAPRA, 1996, p 25)

São através desses processos interconectados que o pensamento humano poderá criar uma nova forma de compreender sua existência, as novas tecnologias disponibilizam a possibilidade de ultrapassar barreiras culturais. Os processos comunicacionais são o alargamento da visão de mundo porque estão baseados em velocidade e alcance cada vez mais amplos. O que não podemos mais é deixar de refletir acerca do modo que ocupamos e usufruímos de nosso planeta. A ciência deverá refletir por meio de seus representantes o conceito de uma nova moralidade, de uma nova ética que verdadeiramente considere os anseios humanos. Sem que essas desprestigiem ou desrespeitem a vida. Qual o alcance desse entendiimento no campo educacional, como em nosso país os educadores poderão fazer em sua experiência um elo de ligação entre o pensamento emergente e a precariedade humana? Como farão esses educadores para respeitar o ser como único e capaz de representar também o coletivo? Quais são os espaços que podem celebrar tal mudança? A escola assume quais responsabilidades diante dessas questões? Muitas perguntas podem surgir e algumas sem respostas estruturadas, mas, cabe a cada um pensar sobre seu papel e participar efetivamente de suas comunidades. A omissão é, certamente, o primeiro passo para cegar-se diante da realidade.

CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1996.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 1998.

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