quinta-feira, maio 08, 2008


O saber deve ser como um rio, cujas águas doces e grossas, copiosas, transbordam do indivíduo e se espraiam estancando a sede de todos. Gilberto Freyre

A hipocresia de cada um

Mundos paralelos. Me parece que isso está acontecendo conosco, estamos formando mundos paralelos e aprofundando cada vez mais as distâncias entre os indivíduos. Verdades separadas entre camadas sociais, entre possibilidades de consumo, entre oportunidades de conhecimento. Há uma forma muito incoerente entre o que desejamos para nós e o que pensamos do outro. A aperência do outro nos assusta nas ruas de uma cidade grande, mas, a aparência é o resultado de um legado de descaso pelo indivíduo que trabalha e tem renda ou educação em condições insuficientes para lapidar seus gestos e sua imagem. O que é feio aos nossos olhos, incluo os meus, é talvez o reflexo da nossa postura alheia ao que está aí pedindo ou gritando ajuda. Olhar com olhos de beleza para aquilo que parece ameaçador e feio não é simples de conseguir. Andei a pouco por uma região central de uma grande cidade, senti meu coração pulsar dolorido, por medo de uma gente que nada me fez, que tão pouco me olhou... Passos mais adiante entrei em um museu e vi arte... A arte que representava o povo simples, a mulata, a favela... E meu coração acalmou-se. Eram as mesmas pessoas expressas nas obras, as mesmas que vi ali na rua e das quais senti medo. Mas, entre as lindas paredes da galeria me senti culta, bela, feliz... A educação em nosso país passa pela nossa capacidade de aceitar a diferença. Aceitar o legado do descaso e arrancar a máscara de nossa hipocresia. a tarefa maior do educar é possibilitar ferramentas para o indivíduo criar em torno de si novas condições de vida. Educar é uma ato de amor e dever de todos. Educar começa em mim, ao perceber de modo mais belo o que me parece estranho. Educar é um ato político, uma forma de agir em uma sociedade cheia de contrastes com verdadeiros valores humanos.